segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Noctifobia - Parte 2

A enorme porta abriu-se para pacientes que chegavam e André sentiu a mão de Pink Manzana gelar ao tempo em que Pato a notava empalidecer. Igual ao dia – ou a noite – em que se conheceram.
- Você está bem? Páola. Páola! – André.
-Está tudo bem, Páola. Tem um táxi nos aguardando do lado de fora, e ele estará aceso. – Pato.
- Minha pessoa crê ser melhor aguardar pela aurora. – PM.
- Fala sério... – André.
- Você poderá descansar melhor em casa. Nós iremos com você, de carro, e nada vai acontecer. – Pato.
- Vamos. Você pode segurar minha mão até chegar ao apartamento, ou até amanhecer.
Conseguiram levá-la ao carro junto ao meio-fio. Pink Manzana os preocupou por sua respiração que parecia não existir. Ela segurava as mãos de ambos junto ao colo e escutou-os pedir ao motorista que deixasse as luzes do interior do veículo acesas.
- Desculpe, estão queimados. – João.
- Todas as lâmpadas? – Pato.
- Sim senhor.
- Que tipo de táxi é este? – André.
João não tornou a responder. Tinha ordens expressas de levar o trio até o prédio e levar consigo o que planejavam da noite.
- Ele está bem? – João.
- Ele quem? – André.
- Quem vocês foram ver no hospital. Quero dizer... Vocês não parecem feridos, ou doentes. Com exceção da senhorita... Ninguém morreu, não é?
- Acho que isso não é da conta do senhor. Leve-nos, o quanto antes. – Pato.
- Sim senhor...
O carro foi cercado por três motos. Uma à frente para obrigá-lo a reduzir a velocidade, e duas nas laterais para que não desviasse do rumo que determinariam.
Pato e André esqueceram de Pink Manzana por um momento para vê-los, sem conseguirem identificar os rostos por conta dos capacetes.
- Acho que eu vi uma arma! – Pato.
- O que! Estão armados? Quem são eles? Eu não acredito que estamos sendo seqüestrados! – André.
- Eu não sei se estão armados, só acho que vi uma arma.
Um dos motociclistas cutucou o vidro com uma pistola.
- Pato, eles estão armados. – André.
O motociclista à esquerda bateu no vidro com o cano de uma arma, e em seguida na janela do motorista, obrigando-o a abri-la. João desligou o celular e começou a reduzir a velocidade.
- Não, não pare. – André.
- Desculpem, não tenho muitas opções no momento. – João.
- Destrava as portas.
- O que? Não vamos saltar com o carro em movimento! – Pato.
- Só... Só destrava as portas, e me dá dois segundos e pára o carro. – André.
- O que planejava fazer?
O resultado veio quando o motociclista à esquerda caiu após bater na porta e rolou no asfalto.
- Foi mal, desculpe pela sua porta. – João.
- Esqueça! Ainda há dois! Siga para a delegacia! – Pato.
- Não precisa dizer duas vezes.
Ele manobrou o carro, o que ficava mais fácil, e acelerou na direção que pretendia.
- André! André, o cinto! – Pato.
Ele colocou o cinto de imediato e ajudou a prender Pink Manzana, que apenas não se machucou entre os assuntos dianteiros porque ambos, os rapazes, a seguraram.
Os tiros os assustaram, e um deles atingiu o vidro.
- Droga, eles também estão armados! – André.
- E você realmente achou que só aquele estava? – Pato.
João acelerou e reduziu algumas vezes, dando ao piloto da moto a idéia de que avançaria sobre ele, e então entrou por outra rua. Pato colocou os dedos no pulso esquerdo de Pink Manzana e preocupou-se.
- Ela está cada vez mais fria! – Pato.
- Chamamos uma ambulância da delegacia. – André.
O carro parou bruscamente e os quatro se machucariam seriamente se não fossem contidos pelo cinto. A frente do carro estava um dos motoqueiros mirando no pára-brisa do automóvel.
- Droga! – André.
- Páola, Páola. Vamos, eu estou aqui. Fala comigo. Preciso de você acordada, está bem? – Pato.
- Isso, definitivamente, está fora dos planos do contrato. – João.
- Saiam do carro, agora! – Norberto.
- Primeiro os mais velhos. – André.
- Deixa de graça, André. – Pato.
- Acorda logo ela, então ela resolve o problema.
- Acho que vamos ter que cuidar das coisas sozinhos desta vez.
- Eu não vou repetir! – Norberto.
Abriram a porta, devagar, e saíram. Pink Manzana, amparada por André, tinha o corpo estático e o olhar perdido.
Os motociclistas armados entreolharam-se.
- O que há com ela? – Norberto.
- O que esperava agindo assim? É pressão baixa. Ela precisa ir para um hospital. – André.
- Acabam de sair de um.
- Por que estão nos seguindo? – Pato.
- Soltem-na moça, e se afastem.
- Esquece. – André.
Norberto deu passos ágeis para frente com a arma apontada diretamente para André.
- Como é que é? – Norberto.
- Eu não... Não vou deixar... A moça sozinha. – André.
- Ótimo.
Ele engatilhou a arma, mas caiu. Segundos antes de outro também cair.
- O que... – Pato.
- Afastem-se. – Andrômeda.
Reconheceram a voz do beco, mas conseguiram ver apenas o salto agulha.
- Já dissemos. Não entregaremos a moça. – Pato.
- Levem-na. Direto para casa. – Andrômeda.
Duvidosos e preocupados foi João quem primeiro entrou no carro.
- Espera aí! Você os matou peal gente? – Pato.
- Vamos embora, Pato. Não vê que no liberou? – André.
- E eu quero saber por que.
- Eu não os matei, e sim a pessoa no terraço. – Andrômeda.
O ponto vermelho brilhou no chão e eles olharam para o alto. André colocou Pink Manzana dentro do carro, voltando para junto de Pato.
- Vocês querem ficar, fiquem. Onde eu deixo a moça? – João.
Ele ligou o carro e já começava a manobrar quando André e Pato entraram. Saindo de ré da mesma rua viram o terceiro motociclista, o que haviam derrubado, caído na esquina.
Com os quatro longe um furgão escuro chegou e um casal saiu dele. O motociclista saído na esquina já estava lá dentro, os outros dois foram colocados lá dentro.
- Quando acordarem vão nos contar tudo, por bem ou por mal. – Andrômeda.
Ela entrou no carro e partiu dali.